10 de mai. de 2016

O Leproso Social


Assim ele se sentia.
Um leproso.
Caminhava sozinho pelas ruas.
Sentava na mesa de uma cafeteria, sem companhia.
As pessoas que passavam por ele, olhavam-no de forma estranha, talvez por não entenderem como alguém podia estar sozinho, por tanto tempo.
Não importava o que fizesse.
Por mais que corresse atrás das pessoas, até literalmente, quando começou a praticar esportes, continuava sendo evitado.
Na fila do supermercado, um solitário comprando petiscos para um fim de semana.
As poucas pessoas que se aproximavam dele, invariavelmente, com um pouco mais de convívio, o deixavam.
Tentou descobrir a causa.
Durante a adolescência, achou que tinha bafo, depois, pensou ter cheiro ruim.
Devia ter algo de errado com ele, para afastar tanto assim, as pessoas.
Dupla personalidade, talvez?
Quem sabe?
Vai que ele se via um cara normal, mas na verdade era uma pessoa detestável.
Era quieto, fico expansivo, depois, voltou a se fechar.
Assim, tornou-se um recluso.
Busco se conformar com seu destino.
Sua pergunta de toda noite, para seu único amigo, no momento de sua oração, era: Por quê?