18 de out. de 2013

Proteção só para animais fofinhos

Um destes dois está condenado a solidão, a fome e a indiferença... e não é o animal à esquerda.

Diário de bordo No. 72911027132

Continuo não compreendendo os humanos!!!!
Peço socorro urgente, solicito autorização para deixar a Terra e ir explorar outros planetas. Talvez possam me dar uma tarefa junto a um povo mais amistoso como os Klingons.

Vou relatar um hábito que os humanos tem.

Eles brigam, lutam, invadem propriedade de outros humanos, para resgatar e "salvar" vidas dos animais das espécies caninas e felinas. Outras espécies, também são objetos de adoração, desde que sejam fofinhos, peludinhos e com olhar tristonhos.

Também são excluídos da adoração e preservação os próprios humanos, já que a maioria deles não sabe que são animais.

Usam discursos de que animais tem mais coração que humanos, sem saber que os tais "animais", se relacionam com eles de forma mais "carinhosa", exatamente da mesma forma que outros humanos se relacionariam, caso tivessem a mesma atenção e o mesmo carinho que eles dão aos "animais".

E assim, quando estão andando pelas ruas (de carro ou a pé) chegam a parar para dar um pedaço de pão e um pouco de água para os "animais fofinhos" mas, quando um outro humano se aproxima deles, pedindo água e pão, eles protegem suas bolsas, e repelem a aproximação. Tentam disfarçar o asco, mas, não sabem que o outro humano sente quando é rejeitado.

Fazem mais, os humanos chegam a catar as fezes dos "animais fofinhos" no chão com a mão, protegida apenas por um saquinho furado de supermercado.
E são incapazes de limpar o traseiro de um outro humano se o verem passando dificuldade de se controlar.

Outro dia mesmo, tive a oportunidade de conhecer um grupo de animais rejeitados por não terem pelos, não terem focinhos e latirem.

Estava eu caminhando pela calçada, quando um homem ainda jovem, puxando uma carroça com sucatas, lixo, objetos velhos e materiais para reciclar veio em sentido contrário, se aproximou e pediu uma ajuda porque tinha filhos e esposa para criar.
Me aproximei e olhei nos olhos dele enquanto o ouvia falar. Não o interrompi dizendo que estava com pressa, não me afastei, não o repeli.
Neste meio tempo a família dele foi se aproximando, duas crianças ainda pequenas, a esposa jovem, todos os 4 com roupas sujas e rasgadas e chinelos que estavam gastos, antes mesmo de chegarem aos pés deles.

Meu centro de distribuição de fluido corporal, ficou apertado, perdeu o compasso e começou a ficar acelerado.
Minha visão ficou levemente embaçada, como que coberta por uma fina camada de algum estranho liquido.

Como naquele momento estava sem meus apetrechos interplanetários, e muito longe da nave, não pude fazer coisa alguma. Inclusive porque não carrego comigo aquele papel que chamam de dinheiro.

Tive a obrigação de com toda a sinceridade do mundo, responder para ele que não poderia ajudá-los.
Ele teve uma reação, que de acordo com o que os humanos abastados sempre me informaram, não é possível que um humano desprovido de dinheiro tenha.
Todas as autoridades com quem conversei, todos os organismos de organização da civilização deles, afirmam que os humanos menos favorecidos são feras traiçoeiras.

Ele, olho para mim e começou a agradecer pelo simples fato de tê-lo deixado se aproximar e falar..
Disse assim:
"Amigo, você já me ajudou muito!
Só por você me ouvir, confiar em mim, já me deixou feliz.
Pra mim, sua atitude foi muito importante.
A maioria das pessoas pensa que somos bandidos, que a gente quer fazer maldade, roubar.
Eu só quero cuidar da minha família!
Obrigado! Obrigado mesmo!
Vá com Deus!"

E nos despedimos, seguindo sentidos opostos.


Percebem minha perplexidade?

Os humanos são muito confusos, usam um discurso, mas agem de forma totalmente divergente do discurso.
Parece que o discurso foi enfiado dentro da mente deles por alguma forma de controle de massa.
Alguns chegam a falar que são contra o uso de animais em experiências, mas, permitem que peixes e humanos sejam cobaias.
E ainda por cima são ávidos consumidores de produtos que precisam ser desenvolvidos às custas de experiências em animais.

Mesmo depois de fazerem filmes a respeito.

Continuam tratando outros humanos com desigualdade, enquanto tratam os "animais fofinhos" com privilégios.

Compram água mineral para cachorro em boutiques, mas, se escondem atrás da cortina quando uma criança pobre aperta a campainha pedindo água.

Analisando os humanos, fico cada dia mais confuso e sem entender o propósito da vida deles.



Cordiais saudações,

Oicram Edrahcir Sarie