27 de nov. de 2007

A culpa é de quem?

Há alguns dias atrás morreu um senhor.

Sei o que vão dizer.

- E dai? Morrem todos os dias!

Também sei que a forma como ele morreu é comum, mas, é sobre isso que quero falar.

Ele deixou sua vida acabar pois não via mais razão para viver.

Seus laços familiares, à muito estavam desatados.

Vivia deslocado de seu tempo. Saia, todas as manhãs, com um terno surrado, mesmo com ele surrado, amarrotado, não saia sem ele.

Pouco sei sobre seu passado, troquei poucas palavras com ele, em apenas dois ou três contatos que tive.

Sua morte foi banal, como dizem as pessoas. Não foi um fim cinematográfico....

Bebeu demais, caiu e bateu a cabeça ...foi socorrido, deram alguns pontos e deixaram ele ir para casa. Lá ele caiu novamente, para não mais levantar.

Quando o encontrei, tentei socorrê-lo, mas, percebi que era tarde demais quando chamei pelo seu nome e senti que ele não queria mais voltar a vida.

E a resposta a pergunta sobre quem é o culpado é que, todos somos culpados.

Somo culpados pois deixamos de valorizar a vida. Não mais celebramos e agradecemos pelo dia de vida que temos.

Somo culpados quando deixamos de ouvir nossos colegas, quando não mais tentamos ajudar alguém que pede socorro, quando nos tornamos surdos e cegos e, não mais procuramos compreender o próximo.

Quando não mais abraçamos o colega, quando não mais beijamos nossos pais, quando não cumprimentamos nossos irmãos.

Quando alguém vem pedir ajuda e enfiamos a mão no bolso e lhe damos uma moeda ou nem isso fazemos e, esquecemos que as vezes as pessoas só precisam é de uma palavra amiga, de alguém que as faça sentirem-se úteis e importantes e que farão falta se partirem.

Sorocaba – SP, 30 de outubro de 2000.

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